segunda-feira, 20 de agosto de 2007

Lama no Cassino

Em 2005, a praia do Cassino foi invandida por um fenômeno de ressurgência de material lodoso. Uma equipe de mergulhadores americanos instalaram sensores, para a coleta de dados e identificação das causas. Uma reportagem publicada retratou assim:

Estudo tenta explicar a presença de lama na orla do Cassino

Submerso a dois metros de profundidade, um tripé com múltiplos sensores vai ajudar pesquisadores a entender os efeitos da lama no perfil da praia do Cassino, a sua influência no amortecimento das ondas e as causas do fenômeno. O equipamento, trazido dos Estados Unidos, foi colocado no mar no sábado. Durante um mês, ele ficará à espera de uma tempestade capaz de colocar em suspensão e transportar até a praia os sedimentos.
Será a primeira vez no Brasil que dados como movimentação de correntes, pressão e temperatura serão medidos na zona de arrebentação. Trazido da Escola Naval de Pós-graduação da Califórnia, o aparelho representa um investimento de US$ 160 mil de instituições oceanográficas americanas no projeto, capitaneado pela Fundação Universidade Federal do Rio Grande (Furg) e que reúne dezenas de universidades brasileiras e estrangeiras.
À beira-mar, outro equipamento, também raro no mundo - só existem 13 em operação -, o sistema Argus, proveniente da Inglaterra, monitora ininterruptamente, com câmeras de vídeo, a migração dos bancos de areia.
- Vamos conseguir traçar uma radiografia da praia e do fenômeno da lama. Escolhemos este período devido à probabilidade de tempestades ser maior - explica o pesquisador Lauro Calliari, do Laboratório de Oceanografia Geológica da Furg.
Em abril de 1998, uma tempestade depositou toneladas de lama na orla. Por 14 meses, houve registros de acidentes com surfistas e veículos atolados no Cassino. Segundo Calliari, é nestes momentos, quando as ondas atingem até cinco metros de altura, que os bolsões de lama depositados a cinco metros de profundidade, cerca de um quilômetro da costa, entram em suspensão e chegam à areia.
Com os dados coletados, os cientistas acreditam que poderão prever a ocorrência do fenômeno e em que condições ele ocorre.
- Além disso, é uma experiência única para estudantes e pesquisadores da Furg. Dos dados, surgirão dezenas de projetos e teses - acredita a oceanóloga Luciana Esteves.
É a sazonalidade do fenômeno no Cassino que atrai os cientistas. Na praia do Litoral Sul, a lama se move a cada entrada de frente fria no Estado. Nas outras ocorrências registradas no país, a concentração é contínua.

- O primeiro registro de lama no Cassino ocorreu em 1901
- Em abril de 1998, uma tempestade depositou toneladas de sedimentos na orla
- Por 14 meses, a lama mudou o perfil da praia. Houve registros de acidentes com surfistas e veículos atolados. Um trecho da orla ficou interditado durante o veraneio em 1999
- Desde lá, os sedimentos têm se depositado em trechos da praia, sazonalmente
- O fenômeno costuma ocorrer após a entrada de frentes frias no Estado
- Formada basicamente por argila, a lama é despejada, de forma contínua, pela Lagoa dos Patos no Oceano Atlântico. O material é resultado de fenômenos naturais e da ação do homem, como desmatamentos às margens de rios e lagoas e a dragagem do canal de acesso ao porto de Rio Grande.

http://www.noticias.furg.br/clipping/02_05_05_clip.htm

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Durante a oficina de mergulho, o palestrante apresentou esse projeto, como exemplo de um mergulho nas águas do litoral sul e, durante a visita à EMA, identifiquei o contêiner azul, munido de uma antena parabólica para transmissão dos dados via satélite.

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