quarta-feira, 15 de agosto de 2007

Estação Marinha Aqüicultura

Esse post foi produzido e publicado em forma de reportagem jornalística, apenas para testar minha habilidade. Nesse caso, fui o escritor, fotógrafo, revisor, editor e todas as outras atividades que compõem a produção de um texto. Aliás, essa produção foi inteiramente inspirada na National Geographic, seguindo (ou pelo menos tentei!) a filosofia de comunicação textual e visual da brilhante revista.

Jutamente com o som do despertador, os primeiros raios solares ajudaram-me a despertar. A principal missão cultural do dia foi uma visita à Estação Marinha de Aqüicultura (EMA) em um lugar todo oculto pelos pinheiros, dentro do balneário do Cassino.

Essa atividade fazia parte do segundo dia da primeira oficina que optei cursar. Não me arrependi. Foi uma visitante emocionante, rica em conhecimentos e informações, não apenas da prática comercial, que foi o foco das palestras, mas também marcada por um aumento de minha compreensão sobre essa prática no município. Nosso grupo de quatro pessoas saiu da FURG por volta das 8:30. Fomos levados de carro, por um componente do Diretório Acadêmico da Biologia, o Franco. Encontrei valores diferentes no pessoal da Biologia, em relação aos da engenharia. Enquanto que esses são mais individualistas e mais preocupados com a prática capitalista de produção em massa, aqueles demonstram uma sensibilidade emocionante e amizade contagiante. No começo, sentia-me Dança com Lobos, mas agora, que tenho uns 15 amigos biólogos, sinto-me integrado. Um momento do dia me marcou. O conjunto de vários aspectos marcou a minha memória. Estávamos indo de carro pela orla do cassino, no carro silêncio total, apenas o som suave de uma música...lá fora, milhares de aves e o som das ondas...e uma amiga da Biologia. Ela tinha um olhar lindo e ao mesmo tempo misterioso...enfim, esses ingredientes foram demais.

Localizada cerca de 2 km ao sul da Estátua de Yemanjá, com acesso pela praia, a EMA contribui valiosamente para o desenvolvimento pesqueiro sustentável da região, dando consultoria aos pescadores e realizando pesquisa em todos os aspectos que relacionam-se ao assunto - desde econômicos, sociais até tecnológicos. Composto por um grande complexo de laboratórios e tanques de viveiros, oferece, para os acadêmicos, oportunidades para coleta de dados para suas teses. Ricardo, vindo da região da campanha gaúcha, nos apresentou uma palestra, logo que chegamos ao local.


Slide de apresentação mostrando uma gaiola móvel, muito usada em países como a Austrália e Japão, formando verdadeiras fazendas marinhas.



Desde que praticado de forma ética, seguindo as regumentações do setor e com o aval qualificado dos pesquisadores, o legado dessa prática pode ser imenso. Não apenas aumentando a produção e a melhoria das condições de vida de muitas famílias que sempre dependeram da pesca, mas principalmente para a preservação e repovoamento de espécies ameaçadas de extinção. Para isso, o EMA cumpre um papel estratégico de apoio às políticas, campanhas populares e orientação a visitantes. A ciência também pode estabelecer previsões sobre possívies impactos ambientais. "Estamos só no começo. Há muito para fazer e poucos profissionais acadêmicos atuando nesse setor. Quando os atuais estudantes de pós-gradução terminarem suas bolsas, vão embora. E não haverá ninguém para substituí-los. Infelizmente, a rotatividade é baixa, no Brasil." - revela Ricardo.


Imagem de um sistema de bombeamento e circulação de água potável para os tanques de produção nutricional.
Empolgada com seu trabalho, a estudante de doutorado Cíntia, uma descente de japoneses, vinda de São Paulo há quase 6 anos, não se arrepende da mudança "Aqui, posso contribuir para a elevação da produção em cativeiro de várias espécies, contribuindo para a preservação dos exemplares em estado selvagem" - emociona-se.


A prática da Aqüicultura tende a ocupar uma fatia considerável do mercado da pesca. "É o futuro", adianta Cíntia.


Parte interior de uma estufa. Aqui, são cultivados pequenos protozoários, chamados rotâmeros, que servem de alimento para as larvas de várias espécies de peixes.


Aspecto dos viveiros ao ar-livre. Aqui, nas épocas apropriadas, cultivam-se ravinas. A lona preta coloca em contato com o solo é para evitar a absorção da água pelo mesmo. Essa foto ficou espetacular. Parece um quadro. Está entre as Top 5 tiradas com minhas câmera. Para visualizar maior, clique na imagem.

Acostumados à tradição pesqueira, familias de pescadores de São José do Norte e da Ilha dos Marinheiros vêem com entusiamo a adoção desses viveiros ao longo das orlas da Lagoa dos Patos e do Canal. Mais educados e preocupados com a preservação, as novas gerações realizam trabalhos em conjunto com os cientistas do EMA. "É um processo onde ambas as partes saem ganhando. A troca de experiências é impressionante." - comenta Ricardo.
"Nossa imagem junto aos pescadores é muito boa, fruto de um trabalho de mais de dez anos, de sociabilidade, transparência e confiança." - diz.


Tanque com vários exemplares de linguado.


Produção de cavalos-marinhos em aquários. Iguaria em muitos países da oceania, na EMA sua única tarefa é maravilhar os visitantes e curiosos.

Após a visita ao EMA, solicitei ao motorista que parasse em uma ONG, o Núcleo de Educação e Monitoramento Ambiental (NEMA). Sediado próximo à Estátua, possui vários pesquisadores e profissionais com elevada formação acadêmica. Passam o dia escrevendo o organizando projetos e enviando-os para empresas, tentando verbas e financiamentos. Não é fácil vida de cientista no Terceiro Mundo. Mas eles estão com recursos bastante razoáveis. Ganhei um livreto com a apresentação das Trilhas e fotos do Taim. Na próxima jornada deles à Reserva, vão me convidar para integrar as atividades de campo. Muito válido.
Pela tarde, apenas participei de uma palestra, muitíssimo proveitosa, sobre os investimentos e planejamento estratégico do futuro de Rio Grande. Pólo turístico, acadêmico, pesqueiro, naval ou petroquímico? A cidade tem potencial para tudo isso, devido sua antiguidade e posição geográfica. As autoridades estão decidindo para que lado caminhar, pois há uma série de grandes empresas vendo potencial na cidade, mas a infra-estrutura é inadequada para essas transformações. Eis o desafio.








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