segunda-feira, 13 de agosto de 2007

Jornada Biológica


Essa semana acontece a Jornada Biológica do curso de Biologia. Realizei a inscrição porque tem muitas palestras e oficinas de meu interesse.

Hoje, teve início o evento. Bem organizado, recebi uma pastinha e um livro de resumos dos trabalhos. A abertura contou até com a presença do Sr. Reitor da FURG.

Duas palestras foram destaque (além do lanche, claro!). A primeira, que marcou o início da Jornada, teve como tema a Reserva Ecológica do Taim, proferida pelo grupo de Educação e Monitoramento Ambiental (NEMA), uma ONG com sede no Cassino (www.octopus.furg.br/nema).

Muito interessante, retratou os aspectos ecológicos, geológicos e administrativos da reserva. O grupo realiza trilhas orientadas no local, seguindo a Trilha das Figueiras (o local possui três trilhas de visitação). Na verdade, a área de preservação, chamada ESEC (ao norte da Lagoa Mangueira), criada por um decreto federal, não pode ser visitada pelo público (apenas técnicos do IBAMA e pesquisadores). Apenas o entorno da reserva. Em todo o local, grande quantidade de aves migratórias param para alimentação, e a ocorrência da lontra marinha é um indicativo de que o ambiente é praticamente livre de poluição. Capivatas, Turrãs (nome que deu origem ao nome da reserva), capivaras, tartarugas de água doce e jacarés são muito comuns, além de 220 espécies de aves migratórias que visitam sazonalmente o Taim. Populações humanas também vivem por lá, vivendo da pesca e do artesanato. Capivaras feitas de um material argiloso, próprio do local, são destaque. Muitas figueiras centenárias podem ser avistadas também. Vou contatar o NEMA para minha inclusão no próximo grupo de visitação. Também há a opção de se chegar de forma independente ao local, parando na estrada que divide a reserva ao meio (a empresa Cotista possui uma linha que vai até lá, e pode-se pegá-lo na praça Tamandaré, em Rio Grande).

A outra palestra, também extraordinária, retratou os fósseis encontrados na região do litoral Sul do estado, proferida por um acadêmico do curso de Geografia. Há três locais de concentração de fósseis (região dos concheiros, no paralelo que passa quase ao centro da Lagoa Mangueira, Arroio Chuí e ao sul da Lagoa Mangueira, próxima dos canais realizados pelos produtores de arroz, para irrigação dos arrozais). Além disso, ao longo de praticamente toda a faixa entre o sul do Navio Altair até o Chuí, é possível encontrar vestígios e peças. Normalmente, são constituídas de partes de carapaças dos Tatús e dentes dos tubarões-brancos da Megafauna. Mas ossadas também ocorrem, principalmente junto aos concheiros. Interessante que não é necessário realizar escavações nessa região. Os fósseis podem ser vistos misturados às conchas!!! Resultado de correntes marinhas e ressurgências (o fonômeno iniciou na costa gaúcha a partir de 1974), muitas conchas e esses fósseis vão se depositando ao longo da praia. No museu oceanográfico, há milhares de peças assim, minúsculas (também de crustáceos), tamanha é a quantidade que o mar está revelando e jogando à praia. Mas o melhor da história vem agora....

Segundo o palestrante, houve, durante a última era glacial, uma migração de animais da América do Norte para a do Sul (há 11 mil anos, a glaciação baixou o nível dos oceanos, aumentando a faixa de terra do Canal do Panamá e, além disso, onde hoje é a Amazônia, na época era formada por savanas, uma vez que o clima frio impedia o crescimento de grandes árvores. Assim, os animais tiveram a viagem facilitada e vieram à procura de alimento). Duas grandes evidências dessas migrações podem ser vistas na descoberta de uma ossada completa de um tigre-dente-de-sabre e na de um mamute!!! Além, é claro, das preguiças-gigantes, animal chegado há muito tempo antes.

Outra descoberta incrível ocorreu em 1985, por um grupo de pesquisadores da UFRGS. Na verdade, operários estavam reduzindo algumas colinas, no caminho entre Pelotas e POA, para a construção da estrada. Ao realizar essa operação, perceberam a ocorrência de um túnel, comprido. Pensando se tratar de um túnel aberto pela Corsan, continuaram a redução da colina, por 30 metros, até que finalmente chamaram as autoridades que, por sua vez, ligaram para a UFRGS. O túne era simplesmente um vestígio fóssil aberto pelos ancestrais dos atuais tatús, animais do tamanho de um fuca!!! Pessoas podiam caminhar quase em pé por eles e seguiam, ainda, por mais 40 metros. Ou seja, um túnel de 70 metros aberto por um tatú gigante pré-histórico!!! Foi a terceira maior descoberta paleontológica do estado (atrás dos carnívoros de Santa Maria e dos ossos do mamute e tigre). O mais incrível do túnel é que havia ramificações e uma área chamada galeria para mudança de rota, ou seja, um espaço mais largo, cavado pelo animal, para que ele pudesse virar e dar a volta (para não voltar o tempo todo de costas).

Após a palestra, coloquei-me à disposição do grupo paleontológico da FURG para ser voluntário em próximas atividades de campo.

A região do arroio Chuí, em épocas em que o leito está mais baixo, forma um delta profundo, onde as margens estão carregadas de fósseis, apenas esperando para serem descobertos... Durante a Semana Nacional da Oceanologia, ocorrerá uma excursão para esses locais e pretendo fazer a inscrição na caravana.

Meu interesse por esses assuntos limitam-se à curiosidade e aventura. Não tenho vocação para ser um profissional acadêmico nessas áreas. Porém, considero esses assuntos de importância cultural e mesmo para a formação e aprimoramento da cidadania.


Outro destaque da Jornada, é o Concurso Fotográfico com o tema Revelando o Sul do Litoral Gaúcho. Será meu primeiro concurso dessa natureza. Preparei 5 fotos das minhas aventuras, impressas no formato 12x15 e espero uma boa participação. Todas serão expostas e a escolha da melhor será por voto dos visitantes. As fotos que selecionei podem ser conferidas abaixo:







Banhados (próximo à Barra)


Pôr-do-Sol no Clube Regatas (primeiro plano, o farolete de sinalização dos trapiches de ancoragem)


Molhe Oeste


Dunas e região costeira (pode-se obervar pegadas de Tuco-Tuco).

Navio Altair, no horizonte.













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