quinta-feira, 16 de agosto de 2007

Oficina Mergulho Científico

Iniciando-se as atividades da segunda oficina, Mergulho Científico foi apresentada pelo instrutor Paulo Mattos. Biólogo formado, atua na empresa DiveTech. Há alguns anos, Rio Grande apresentava apenas uma grande empresa de mergulho profissional, a InShore, com clientes espalhados por todo o litoral brasileiro. Devido a uma incompatibilidade com outro sócio, este montou sua própria empresa. Na verdade, atua mais como uma escola, formando cidadãos comuns no Curso Mergulho Autônomo Básico. Essa modalidade permite o conhecimento dos equipamentos, prática em piscina e o mergulho até 18 metros. Além dessa profundidade, o Curso Avançado é necessário, uma vez que conhecimentos mais profundos sobre sistemas de orientação e equipamentos e técnicas mais sofisticadas são importantes. Esse é o universo do mergulho recreacional. O mergulho profissional, por outro lado, exige um condicionamento físico bastante especial do praticante, e permite o mergulho até 200 metros.
No mergulho militar, foi criado um dispositivo, chamado Rebreathing, que realiza a reciclagem do gás oxigênio não consumido nas inalações anteriores, ao passo que filtra o gás carbônico. Assim, o não desprendimento do gás, em forma de bolhas, cria uma camuflagem ao militar, não denunciando sua posição ao inimigo.
Um equipamento muito interessante apresentado na palestra são as caixas estanque, permitindo proteger a máquina fotográfica imersa. Porém, o custo é superior ao próprio valor da máquina!
No mergulho científico, muito interessante as técnicas utilizadas para a localização do objeto de pesquisa. Esta pode ser por quadrado expandido, varredura ou circular. Muito semelhante ao sistema de buscas realizado pelo pessoal da Força Aérea nas tentativas de se localizar alguém perdido em mar.
O mergulho autônomo básico não habilita, também, a exploração de cavernas ou navios naufragados. Há cursos específicos para essas atividades. Compõe-se basicamente das nadadeiras, roupa de neoprene, colete regulador de flutuabilidade, 1 ou 2 tanques de ar comprimido e uma máscara facial. A comunicação com outros mergulhadores pode ser visual, auditiva ou tátil, dependendo das condições. Porém, já existem máscaras avançadas com microfone imbutida internamente. Para uma operação de sucesso, é importante ober o número máximo possível de informações do local onde se pretende mergulhar, tomar especial cuidado com as variações de maré e conhecer as legislações e técnicas a ser usadas.
O controle e emissão de habilitações do mergulho recreacional é realizado pela PADI, NAUI, CMAS, SSL e, no Brasil, pela CBPDS.
Em setembro, a DiveTech realizará um curso voltado aos estudantes da FURG. Após o período de aulas téoricas, são feitas as práticas na câmara hiperbárica (Estação Naval) e mergulho em piscina (Clube do Marinheiro). Após, os integrantes se deslocam até Bombinhas, em Santa Catarina, para realização do exame de habilitação NAUI.
O Rio Grande do Sul não possui pontos favoráveis para mergulho. No canal da barra, onde há as maiores profundidades da lagoa (20 metros) são feitas instalações de sensores físicos para obtenção de dados oceanográficos, pelo pessoal da FURG. Porém, há dois anos, quando da formação de areias lodais na praia do cassino, um grupo de mergulhadore americanos deslocou-se para cá na tentativa de auxiliar nossos cientistas e resolver aquele mistério. Avançados equipamentos de medição, armados juntos em uma plataforma piramidal, foram posicionados a 20 metros de profundidade em mar aberto. A visibilidade quase nula, correntes constantes, águas geladas, são fatores que exigem muito do mergulhador científico nas praias gaúchas. Quando estive ontem no EMA, pude presenciar a presença de um contêiner azul e torres de dados, instalados anexos aos laboratórios da aquicultura, mais próximo às dunas. A partir desse contêiner, dados eram enviados na hora pela internet para os americanos.


Slide inicial de apresentação


Panorama da sala de apresentação.


Slide apresentando o mergulho científico, surgido nos EUA e na Austrália. Nos Estados Unidos, há órgãos específicos, como uma seguradora (DAN) e uma academia nacional (AAUS).



Termiclina: fator de influência no planejamento do mergulho. Interfere diretamente na flutuabilidade.


Convite para aderir ao esporte.
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Pela tarde, uma interessante palestra sobre as aves migratórias foi proferida por um professor da Unisino. Rica em informações culturais, apresentou as aves e seu sistema de orientação, desde sua saída dos EUA ou Canadá, até a chegada nas pequenas ilhas das terras do sul. No caminho, elas param no Parque Nacional Lagoa do Peixe, para alimentação. Foi lá que o professor realizou seus estudos. Preocupado com a preservação do Parque para a manutenção dessas espécies, contou inúmeros casos envolvendo matanças, corrupção do IBAMA, ignorância ambiental das comunidades próximas ao parque e plantações e pecuária realizada nas proximidades interferem muito na qualidade das águas e no balanço de nutrientes. Ainda segundo o palestrando, muitos pesquisadores norte-americanos visitaram o parque no passado na esperança de conhecerem o comportamento das aves originárias no território americano. A curiosidade os levou até o parque e áreas adjacentes, levantando dados sobre a alimentação dessas espécies viajantes.
Muitas outras espécies realizam o percurso contrário, em épocas distintas do ano. Originárias do sul, passam alguns poucos meses no norte do México e retornam. Devido à grande concentração de nutrientes, o Parque é um refeitório farto para elas também.

Maneira dos biólogos de assistirem a uma palestra.



Sistema de on-off do canal da Lagoa do Peixe. Naturalmente, o fechamento se dá pelo período de ventos, que criam uma ponte de dunas ligando os dois lados. A abertura, sempre em ciclos constantes, ocorre na época das chuvas, que faz a lagoa transbordar e varrer a areia para o aceano. Toda a riqueza biológica foi adaptada e equilibrada ao longo dos milênios, sempre seguindo o ciclo natural do canal. Na tentativa de se criar uma área represada de camrões, é feito o fechamento/abertura artificial, mas ainda não há dados indicando a influência desse mecanismo sobre o comportamento das aves migratórias e outros seres.



Presença de animais provenientes dos EUA e até do Canadá. A Lagoa do Peixe é um banquete em sua passagem para as terras do sul.



Animais migratórios.


Sítio Rascar: importante ponto de monitoramento do parque.


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