quinta-feira, 9 de agosto de 2007

Curtas: Primeiro Semestre

O objetivo desse post é a recuperação de algumas histórias para a posteridade. Desde minha saída de farroupilha, dia 05 de março até o início do segundo semestre, em 04 de agosto, tentarei reproduzir alguns momentos marcantes, sempre com o bom sarcasmo.

Logo que cheguei em Rio Grande, percebi de cara que minha vida na cidade seria incomum. A começar pelo taxista que me levou da rodoviária à minha até então desconhecida morada. Como não possuía referências, dei de imediato o lugar exato: Travessa do Afonso, número 21. Da maneira que se alimenta um computador com dados. Para minha surpresa, o taxista respondeu: "Sei onde é. É um prédio rosa, de três andares, numa rua tranqüila, bem no meio da quadra." E olha que o prédio (que até hoje não sei o nome) não deve estar nem entre os Mil mais importantes da cidade. Profissionalismo é isso.
Na verdade, eu fui na cara-dura. Quem me recomendou a morada e acertou minha vinda com os outros moradores foi uma moça muito legal, a Josiara. Tudo pelo MSN. Falei uma vez somente com o uruguaio (vulgo Chique) que teria que dividir comigo sua casa nos próximos 12 meses. E foi pelo MSN também. Não durou 1 minuto, a conversa, porque ele precisava ir na padaria... Cheguei e fui recepcionado pelo outro colega, o Thiago, e pelo seu respectivo pai. Ambos sem camisa, descalços, e com o cabelo branco. De pó. Ao entrar no apartamento, descobri que estavam em dia de faxina geral. Tudo de madrugada. "É que estamos voltando das férias", justificaram. Enquanto uma turma lixava o parquê, outra se encarregava de movimentar os móveis. Como o próprio portenho disse: "É pra agilizar...". Cochilando no sofá, acordo com um grito, lá do fundo. No melhor sotaque portunhol: "Teu quarto tá pronto!" Com ansiedade, corri para a primeira pisada em meu habitáculo de 4 metros quadrados. A espessura da camada de pó era maior que a de esfalto na maioria das rodovias do país. Nas paredes, marcas de tiros de todos os calibres já projetados. E uma persiana quebrana, pra variar. Daquelas bem antigas.
Às quatro da madrugada já tava todo mundo dormindo, pois no dia seguinte começavam as aulas, cedinho. Eu dormi bem antes (estava muito cansado da viagem). Meus amigos de apartamento são muito gente-boa, valorizam a amizade e estão sempre dispostos a ajudar. São esforçados e possuem boas habilidades pessoais. Também adoram tirar alguém pra louco e possuem uma motivação para a diversão como raras vezes eu vi! Pelo jeito, não podia começar melhor...


Nas primeiras semanas, fui tocando minha missão-alvo. Tinha de programar. Pelo menos era isso que me disseram, no começo. Para minha felicidade, minhas tarefas se limitavam a rodar simulações computacionais de engenharia, alimentando o PC com os dados. Além disso, ler artigos científicos. Percebendo a barbada, minha mente inquieta começou a deixar o corpo todo inqueito, também. E idéias vieram. Do dia pra noite, virei corredor, explorador, nutricionista, halterofilista, ciclista, cientista de todos os ramos do conhecimento humano e soldado de elite....heheheh....Ah, e professor de inglês. Mantendo o alto nível nas leituras da língua universal, achei que seria bom negócio praticar a conversação, enquanto transmitia e trocava experiências com outros estudantes da FURG. A idéia foi boa. Com um cartaz estrategicamente posicionado nos campi, consegui dois alunos. E um aluna. Nossos papos, sempre na sala 04 de estudos da biblioteca, nos renderam momentos de descontração e alegria. Até fizemos intercâmbio de livros. Ela foi minha segunda boa amiga que fiz na cidade (depois da Josiara). Esporadicamente, nos encontramos por aí e o papo surge ao natural. Sempre em inglês.
Conheci o Teatro Municipal numa noite de sexta-feira. Era festival de Dança da Região Sul. Muito legal. Curti muito os estilos street (dança de rua), jazz, dança do ventre e outros tipos não-identificados. O público era majortariamente formado pela gurizada dos colégios. Com pessoal animado na platéia e gente competente no palco, nem preciso dizer que foi uma noite inesquecível. Sábado teve de novo. Quase 6 horas, se intervalo. O mais curioso ficou por conta do ingresso: um pacote de fralda. E tinha que ser com gel....


Não se preocupem. Eu aumento mas não invento. Não é por nada que o pessoal está me chamando de Forest Gump. Além de contar histórias, também me flagraram correndo pelo deserto. Foi na praia do cassino (ver o post expedição I). Aí, pegou.

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