quarta-feira, 8 de agosto de 2007

Quartel-General

FOTO 1

FOTO 2

FOTO 3
FOTO 4

Todas as "operações logísticas e administrativas" de minha vida em Rio Grande partem de meu QG central. Ele é o ponto de partida para a conquista da cidade. É a minha referência. É o meu quarto. Ou banheirinho (favor ver glossário ao final do texto).
Tenho orgulho desse meu banheirinho. Apesar de pequeno, ele tem a minha alma e personalidade em seu layout. Tudo muito simples, prático e no estilo de chegar-e-largar-qualquer-coisa-em-qualquer-lugar (com freqüência, a vida interna torna-se impraticável, então, organizo tudo começando do zero). Tudo no melhor estilo solteirão. Além de tudo, ele é uma obra minha, e foi legal vê-lo progredir passo-a-passo. Recebi ele totalmente vazio. Acho que precisaria de um blog apenas para contar a evolução de meu banheirinho. Nas três primeiras semanas tudo o que eu possuía era uma mala, algumas caixas de sapato (que "encomendei" numa loja), um colchão velho emprestado e o próprio chão. Como este último estava com coisas não-identificadas grudadas sobre o parquê, providenciei a compra de um carpete cinza. E veio de Pelotas. Rio Grande não é lá tão independente assim. Mas funcionou. Era lá que tudo ficava. Pra esconder uma série de marcas na parede dos moradores anteriores (parecia que o quarto havia saído de um bombardeio aliado), grudei um pôster do Inter campeão mundial. Perfeito.
O primeiro passo para um maior conforto veio com a compra, em um brick (pra não perder o espírito) de um birô para as roupas (fotos 1 e 4) e outro para o computador (esse não foi em brick, mas o descobri em uma promoção imperdível!). Tendo o birô do micro, agora só faltava arrumar um jeito de trazer o computador emprestado do meu irmão pra cá. A solução veio com um professor que me dava caronas para Porto Alegre. Além de ser obrigado a passar a viagem inteira ouvindo minhas estórias, ainda teve que levar meu PC. Nem avisei o coitado. Na volta para RG, combinamos de nos encontrar na Nilo Peçanha, em frente ao estacionamento do Nacional. Quando ele chegou, as testemunhas presentes puderam presenciar a operação de transferência de duas caixas enormes e pesadas do banco de trás do carro do meu irmão, para o banco de trás do carro do professor. Tudo isso feito na chuva (mas nada molhou!) e em um local de parada temporária e bem no horário de maior movimento no trânsito. Mas foi tudo bem rapidinho e eficiente. Cara-de-pau também tem limite. O professor costuma andar a 60 na estrada, com tempo bom, de dia e com o carro vazio. Naquela vez, porém, com o tempo ruim, de noite e o carro cheio, ele deve ter dirigido a uns 45. Fizemos os 320 km que separam Rio Grande da capital em quase 6 horas e meia. Tá bom. Tudo dentro do espírito (só não sei se o professor compartilhou desse mesmo espírito).
Depois disso, a improvisação de uma série de varais internos também melhorou a qualidade de vida. Mas eu ainda continuava dormindo no chão, no velho colchão. O importúnio terminou semana passada. Por sorte, meu colga de apartamento, o Thiago, ganhou um colchão e cama de casal de seu sogro. Assim, ele me emprestou sua cama e colchão de solteiro! Ótimo, o espírito ainda funcionava!
Claro, ainda poderia citar milhares de pequenas arrumações, improvisações e melhorias. Entre elas, destaco a criação de uma espécie de "rede" (vários fios de polietileno trançados em zigue-zague, ligando o birô das roupas à parede) que me proporcionou um bom lugar para jogar toda a roupa do dia. Um lugar mágico, no canto superior entre as paredes sul e leste, serviu para "colar" a caixa onde veio meu computador (a rede e o lugar mágico pode ser vistas nas fotos 2 e 3, respectivamente). E ainda serviu de ótimo lugar para colocar a Cargueira! Também cito a parte de trás da porta. Ela serve como agenda, guarda (tudo pendurado) coisas-que-um-dia-sei-que-não-vou-precisar, minhas correntinhas e uma infinidade de outros papéis. Tudo grudado com fitas que pego no laboratório onde trabalho. No momento, minha criatividade está em período de repouso. Mas, logo, ela retorna para a aplicação de outras idéias. Princiapalmente porque precisa dar um jeito na janela. Além de minhas frustradas tentativas de vedá-la contra a infiltração do gelado vento polar, ela está meio "bamba". Se encostar ela cai. Nada que umas ripas de madeira pregadas não resolvam.
Quando alguns colegas dos meus amigos viram o banheirinho, concluí que ele não serve apenas como meu QG. É também motivo de diversão para todos que o visitam. E ele está ficando famoso. Até recebeu outro apelido. Por razões óbvias, o pessoal o chama de "o acampamento". E, na sua versão internacional, virou "la campaña". Com certeza, esse banheirinho vai deixar muita saudade.

Glossário:
1) Banheirinho: nome carinhoso, criado pelo Juliano, dado a um confinado habitáculo humano, geralmente mostrando a personalidade daquele que o habita;
2) Birô: todo e qualquer móvel usado para guardar, apoiar ou pendurar algo. Quase sempre tem gaveta;
3) Espírito: força de vontade do ser humano em se obter o máximo fazendo-se o mínimo;
4) Cargueira: mochila usada apenas para o transporte de coisas.

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